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sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

Contradições da Bíblia

Mateus vs Lucas - O Massacre que Mais Ninguém Viu e Outras Coisinhas.

Mateus narra a conhecida história do massacre das crianças por Herodes e a fuga da "família sagrada" para o Egito:

12 Avisados em sonhos de não tornarem a Herodes, voltaram para sua terra por outro caminho.

13 Depois de sua partida, um anjo do Senhor apareceu em sonhos a José e disse: Levanta-te, toma o menino e sua mãe e foge para o Egito; fica lá até que eu te avise, porque Herodes vai procurar o menino para o matar.

14 José levantou-se durante a noite, tomou o menino e sua mãe e partiu para o Egito.

15 Ali permaneceu até a morte de Herodes para que se cumprisse o que o Senhor dissera pelo profeta: Eu chamei do Egito meu filho (Os 11,1).

16 Vendo, então, Herodes que tinha sido enganado pelos magos, ficou muito irado e mandou massacrar em Belém e nos seus arredores todos os meninos de dois anos para baixo, conforme o tempo exato que havia indagado dos magos.

17 Cumpriu-se, então, o que foi dito pelo profeta Jeremias:

18 Em Ramá se ouviu uma voz, choro e grandes lamentos: é Raquel a chorar seus filhos; não quer consolação, porque já não existem (Jer 31,15)!

19 Com a morte de Herodes, o anjo do Senhor apareceu em sonhos a José, no Egito, e disse:

20 Levanta-te, toma o menino e sua mãe e retorna à terra de Israel, porque morreram os que atentavam contra a vida do menino - Mateus 2

Evento histórico ou mais uma invenção de Mateus? Quatro são as evidências que apontam para a segunda opção:

1- O relato é recheado de alegações de caráter lendário: estrela guia*, magos do Oriente, aviso por sonhos, anjo mensageiro, gravidez espiritual (cap. 1) e profecias cumpridas;

2- Mateus parece se inspirar no Antigo Testamento para compor sua narrativa (vide Moisés escapando do massacre dos meninos hebreus a mando do faraó em Êxodo 1 e 2), tanto que chega a pinçar textos veterotestamentários para usá-los como profecias cumpridas em Jesus (ex: Oséias 11:1 e Jeremias 31:15);

3- Nenhum outro escritor bíblico menciona o suposto ocorrido. Nada nos outros evangelhos ou nas cartas corrobora Mateus. Algo tão notável, ainda mais composto por uma série de cumprimentos proféticos, dificilmente deixaria de ser registrado por outro redator. Pra piorar, nenhum escritor não cristão da época, como Flávio Josefo, que registrou muitos atos violentos e crimes praticados por Herodes, fez qualquer nota a respeito;

4- Mas o nosso prego no caixão vem de uma surpreendente fonte: o evangelho de Lucas.

Lucas diz ter feito uma minuciosa pesquisa sobre a vida de Jesus (Lucas 1:1-4 e Atos 1:1-2), porém, no seu evangelho, nos capítulos 1 e 2, não há qualquer indicação de que Jesus tenha sido ameaçado na infância.

Em Lucas tudo é festa: anjos anunciam a pastores o nascimento de Jesus, multidões cantam no céu e, após oito dias do seu nascimento, Jesus é levado para cumprir o ritual de consagração no templo, então voltando à Nazaré (2:39). Lucas ainda diz que Jesus e sua família ia todos os anos à Jerusalém para as comemorações da páscoa (2:40-41), sem fazer qualquer menção de que Jesus tenha escapado da morte ou qualquer correlação entre o terrível Herodes e a infância de Jesus.

Em Lucas não há magos, estrela guia, citações de supostas profecias do Antigo Testamento e muito menos a fuga para o Egito; além de outros detalhes que revelam uma narrativa irreconciliável com a de Mateus.

* Peguemos a Estrela Guia como exemplo. É bem documentado que na antiguidade era comum associar eventos celestes a eventos terrestres. Nascimento ou morte de pessoas ilustres, desgraças e catástrofes; estava "escrito nas estrelas". Virgílio, em Eneida, diz que uma estrela conduziu Enéias até Roma! O nascimento Mitrídades e Alexandre Severo estão entre os anunciados por uma estrela. Suetônio conta que Nero ficou alarmado ao ver um cometa, pois seria o presságio de que alguém importante iria morrer. Flávio Josefo, em Guerras Judaicas, fala de uma estrala que pairou sobre Jerusalém e de um cometa que aparaceu durante um ano durante a queda da cidade. Herodóto, Plutarco, Dio Cassius, Cícero e João Lido também falam de extraordinários sinais celestes relacionados a reis. Sem dúvida, a idéia era bem difundida. (nota baseada no livro O Nascimento do Messias, de Raymond Brown)

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