Nestes ambientes, os frades fazem suas orações antes de se recolherem, à noite, contemplando a mensagem que diz: A Morte que fecha os portões do tempo, abre a porta da vida na Eternidade. Uma das atrações mais bizarras encontra-se na última das alcovas do Santuário: são três esqueletos de três crianças. Dizem que eram membros da nobre família Barberini, que patrocinou o Papa Urbano VIII [nascido em 1568, papado entre 1623-1644, ano de sua morte] e a construção do Convento.
Séculos atrás, o Ceifador [a Morte] chegou faminto devastando a Cidade Eterna, assolando a população com todo tipo de infortúnio: fome, doenças, violência; malária e tuberculose. Muitos morriam e jamais eram identificados. Esses, indigentes, estrangeiros, fossem suas almas destinadas ao Céu ou ao Inferno, tinham seus corpos resgatados e acolhidos na igreja Santa Maria dell'Orazione e delle Morte [Our Lady of Eulogies and of the Dead], construída em 1576 como obra de caridade, pela Companhia da Boa Morte [Company of Good Dead, como a Irmandade da Boa Morte], que se encarregava de sepultar os cadáveres abandonados dos pobres e desconhecidos.
Localizada na Via Giulia, esquina com a Via del Mascerone ─ Roma, às margens do rio Tibre, onde muitos daqueles cadáveres anônimos foram pescados [resgatados] boiando na correnteza, a igreja Santa Maria dell'Orazione e delle Morte tem na fachada, funérea, grinaldas de crânios e um esqueleto alado. Em uma placa, perto da entrada, um esqueleto segura um dístico onde se lê: Hodie mihi cras tibe ─ My lot today ─ your tomorrow [Meu hoje é o seu amanhã].
Na cripta, a parte de cima de um esqueleto que acena com uma braço como se dissesse: Hello! ─ foi fixada na parede logo acima da pia de água benta. A igreja, um dia, teve um conjunto de câmaras mortuárias que abrigava cerca de oito mil corpos; mas no final do século XIX [19], a maior parte das sepulturas foram destruídas durante as obras de um aterro. Ali, na área que restou dos túmulos, a decoração inclui um candelabro feito de vértebras.
Para os desencarnados que não conseguem alcançar a dimensão da vida eterna, porque precisam purgar seus pecados, existe um Museu das Almas do Purgatório. Minúsculo porém assustador, neste lugar, supostamente, Espíritos imploram ajuda para sair da câmara dos pecadores. O Museu guarda, ainda, misteriosos livros de oração e peças de vestuários que ficaram marcadas com impressões de dedos e mãos queimados [como que longamente submetidos ao fogo]. Essas intrigantes peças foram coletadas pelo padre Victor Jouet [também no final do século XIX] e são provenientes de diferentes países europeus.
As Entranhas de Três Papas
Para aqueles que apreciam o máximo do móbido-grotesco, recomenda-se uma visita a uma certa igreja barroca localizada diante da famosa Fonte de Trevi. Nela estão guardados os corações e os intestinos de três Papas; Entre estas entranhas, estão as de Leão XIII, morto em 1903. A tradição foi iniciada pelo Papa Sisto V, supostamente em função da terrena preocupação papal sobre como recompor o próprio corpo para a ressurreição no dia do Juízo Final. [Para um católico, os métodos deste Papa estão muito egípcios. Meditemos...]
Catacumba
As Catacumbas de Roma são muito conhecidas, São cemitérios subterrâneos e não poderiam deixar de ser fantasmagóricos com seus milhares de nichos [hoje seriam chamados gavetas] ladeando corredores escuros e estreitos. Aqui e ali encontra-se um mausoléu esculpido ou ornamentado com afrescos. Apesar do ambiente macabro, nas catacumbas abertas à visitação pública não há esqueletos.
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