:: Os Engaiolados de Hong-Kong ::

CHINA — Hong-Kong é uma cidade vibrante, cheia de vida... cheia até demais. Localizada na costa sul da China, com território majoritariamente insular, é uma dos lugares mais densamente povoados do mundo — com seus mais de seis mil habitantes por km². Politicamente, Área Administrativa Especial da China, Hong-Kong é um retrato da humanidade assolada pela miséria da superpopulação.Ali os mais pobres e deserdados da sociedade experimentam uma condição de vida atroz. Os cortiços de Hong-Kong são calabouços do inferno. Em apartamentos de pouco mais de 100 m² — 18, 20 estranhos dividem o espaço dispondo de apenas um banheiro.

A medida da privacidade é estabelecida por gaiolas de até três patamares dispostas em um salão ou nos cômodos de um apartamento. São gaiolas de fato, boxes minúsculos feitos com tábuas de madeira e telas de arame. Em uma realidade dantesca, cada uma dessas gaiolas é a casa de uma pessoa. Menor que uma cela de prisão, ali o cidadão guarda tudo o que tem na vida: as roupas, os mantimentos, a cozinha possível, os eletrodomésticos, objetos outros pessoais ou mesmo uma herança de família.

Além da falta de espaço e privacidade, os engaiolados padecem com o calor e frio nas instalações onde o ar condiconado e o aquecedor estão sempre quebrados e somente podem ser utilizados em horários determinados. Um morador reclama do cubículo: É quente e sujo. O lugar está infestado de baratas e percevejos.

Muitos desses engaiolados são pessoas que perderam suas casas na enchente de 2008 e foram reduzidas à mais absoluta pobreza. Para denunciar essa situação desumana, a Schoni Gallery, de Hong-Kong, [em 2009] promoveu uma exposição dessas gaiolas chamando a atenção para a desigualdade cruel entre pobre e ricos na cidade.