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terça-feira, 25 de maio de 2010

:: Cleópatra, a rainha do Egito ::

Cleópatra, a rainha grega do Egito. Provavelmente tudo que o mundo sabe sobre ela esteja errado. Muitas versões a descrevem como uma mulher fatal e de rara beleza. Alguns relatos valorizam, com certo exagero, a questão estética da jovem rainha. Quem era a verdadeira Cleópatra?

Trezentos anos antes de Cleópatra governar o país mais rico do mundo, Alexandre, o grande, tinha acabado de conquistar o Egito. Desejoso de ser considerado uma divindade, o comandante militar dirigiu-se ao templo de Siwa – onde fora proclamado um deus pelo oráculo. Alexandre conquistou o maior império de toda história, dominando terras que iam da Europa a Índia. Cleópatra certamente inspirou seus objetivos, sobretudo políticos, as façanhas alcançadas por Alexandre, o maior líder militar que o mundo já conheceu. Ela era ambiciosa, determinada e inteligente, mas sua aparência não era de uma mulher fatal (veja a ilustração acima).

Origem e família da jovem rainha

Cleópatra era descendente dos reis gregos do Egito, os ptolomáicos. Ela nasceu em Alexandria. Seus cabelos eram avermelhados, a ilustração acima não mostra a rainha utilizando-se de jóias. Definitivamente, estas não são características de uma mulher fatal. Por outro lado, uma harmoniosa combinação de: espiritualidade, determinação e inteligência tornaram Cleópatra à mulher mais famosa do mundo. A localização dos ancestrais da jovem rainha fica a oitocentos quilômetros de Alexandria, na ilha de Filae. Nesta região, durante 300 anos, foram construídos templos dedicados aos XII Ptolomeus. Ptomoleu III foi o ultimo grande faraó da era ptolomáica, reconquistando grande riqueza que havia sido perdida para outras civilizações. Ptolomeu IV foi um grande fracassado que perdera grande parte das riquezas do Egito antigo.

O pai de Cleópatra, Ptolomeu XII, era conhecido como “o tocador de flauta”. O tempo todo ele dava primazia em tocar o pequeno instrumento de sopro, evitando assim, as responsabilidades do governo. Aos dezoito anos de idade, Cleópatra perdeu seu pai. O testamento de Ptolomeu XII dizia que o Egito deveria ser governado por Cleópatra e seu irmão, Ptolomeu. Mas na prática isto não chegou a ocorrer. Os dois brigaram pela disputa ao poder.

O Romance com Julio César

Júlio César, poderoso general romano, acompanhou de perto as desavenças entre Cleópatra e seu irmão, e no palácio de Alexandria, mandou chamá-los para entender melhor a questão.

Fontes antigas nos revelam que Cleópatra chegou até César antes de seu irmão. Enrolada e escondida em um tapete, ela temia ser surpreendida pelo seu irmão. O general romano ficou impressionado com a jovem rainha. Desde então uma atração física começou a dominar o futuro casal.

Cleópatra estava determinada com a idéia de conquistar um grande império, como de Alexandre. O terrível incêndio que destruiu a biblioteca de Alexandria durante um conflito entre egípcios e romanos deixou a jovem rainha profundamente magoada, revelando seu apreço pelos livros, seu maior patrimônio era a inteligência.

Cesar adiou sua volta a Roma e juntou-se a Cleópatra para conhecer melhor o Egito. Decerto, Cleópatra queria impressionar o general romano com a grandeza e principalmente riqueza de seu país. Cleópatra era considerada uma deusa, César como seu acompanhante também era visto como um deus.


Uma Esperança de vida

Foi no cemitério de Sakara que César viu pela primeira vez uma múmia de perto. A crença na vida após a morte e a possibilidade da imortalidade com a preservação do corpo, é uma idéia que pode ter atraído César que já estava envelhecendo. O nobre casal passou por Tebas, Karnak e Luxor, locais de grande admiração do Egito antigo. Durante este longo passeio, César observou também os grandes campos de trigo do Egito, alimento suficiente para alimentar seu exército.

Os restos do templo de Cleópatra podem ser visto em Hermonts. Foi neste local que a democracia romana entraria em declínio.

Cleópatra em Roma

César agora era um deus que teria um filho com Cleópatra. Esta idéia de governar Roma como um deus contaminou os sucessores de César. Era o fim da democracia no senado romano. Cesário, filho de Cleópatra com César governaria um grande império como o de Alexandre. Era uma possibilidade que passou a ser uma obsessão da jovem rainha. Em Roma havia grandes comemorações que aconteciam como desfiles de triunfos. Num triunfo egípcio, Cleópatra presenciou sua irmã, Arsenob acorrentada pelo exército romano, em correntes de ouro.

Cleópatra amava César, não Roma. Arsenob era uma ptolomáica, derrotada por romanos, isto marcaria a vida da jovem rainha para sempre. Mas a esta altura, Cleópatra era o assunto em evidencia de Roma. César ganhou muito dinheiro e comprou muitas casas, construiu um templo com a estátua de Cleópatra e um belo jardim para sua amada. Isto revelava o quanto era verdadeiro seu amor pela rainha do Egito. Já por dois anos em Roma, Cleópatra – aliada ao homem mais poderoso do mundo – tornou-se a mulher mais poderosa do mundo. Parecia certo que seu filho, Cesário, herdaria um império de grandeza similar ao conquistado por Alexandre, o grande. A idéia de eliminar a república romana não agradou nenhum pouco o senado. César foi terrivelmente assassinado por inimigos políticos.

Marco Antônio, aliado do Casal e general de César, expôs ao senado romano que Cesário, filho de Cleópatra era o herdeiro legítimo de César. Otaviano (sobrinho de César) reclamou tal legitimidade. A beira duma guerra civil, Cleópatra voltou para o Egito com seu filho. O país mais rico do mundo estava em declínio econômico e político. Mas Cleópatra utilizou de toda sua habilidade administrativa para melhorar a situação explorando as estradas de comercio (com a extração do Pófiro) e a rota das caravanas, esta última, estabelecida desde a era ptolomáica. A rota das caravanas desempenhava um duplo objetivo econômico, além de abastecer o comercio local, era também a principal mantenedora dos luxos do palácio egípcio.


O romance com Marco Antônio

O general Marco Antônio precisada das riquezas do Egito para vencer seu principal inimigo, Otaviano e conquistar Roma. Ele solicitou um encontro com Cleópatra em Tarsus. Cleópatra aceitou o encontro, porém, de acordo com sua conveniência. Por outro lado, Cleópatra precisava de Marco Antonio para dar continuidade em seu plano de entregar um grande império a seu filho, Cesário. Em Alexandria, Cleópatra já voltou amante de Marco Antonio e grávida de gêmeos. O general partiu para uma batalha e deixou a rainha no Egito. Algum tempo depois, uma carta de Marco Antonio revelava que ele estava com outra mulher e tinha abandonado Cleópatra.

Aos 29 anos, mãe de três filhos pequenos, Cleópatra teve de adiar mais uma vez seus planos quanto ao futuro de Cesário. Foi nesta ocasião, em Dendera, que a rainha dedicou-se intensamente a religião, que no Egito antigo significava basicamente uma transição entre deuses e o faraó. O país teria prosperidade assegurada, desde que esta transição ocorresse de maneira harmoniosa e precisa. Dendera abriga uma imagem de Cleópatra fazendo oferendas aos deuses. Detalhe: normalmente os faraós apareciam em paredes de templos acompanhados de seus maridos ou esposas. Mas Cleópatra não era uma rainha qualquer, seu filho Cesário, é quem aparece ao seu lado.

A volta de Marco Antônio

Marco Antônio voltou tempos depois e pediu um novo encontro com Cleópatra. Ele ainda precisava das riquezas do Egito para vencer Otaviano. A rainha estava com a mente confusa, mesmo com toda dedicação em preparar um futuro prospero para Cesário, Cleópatra tinha sentimentos. Ela fora abandonada prestes a dar vida a dois filhos gêmeos. Mas sua determinação política venceu seus ressentimentos, aceitando assim, um novo encontro com Marco Antônio. Desta vez Cleópatra condicionou as riquezas do Egito a um grande acordo nupcial. Para ela ficou a região de Arnúbia, Chipre, Sinai, Armênia, Norte da África e Fenícia.

Territórios conquistados com o sangue romano tinham sido entregues a uma rainha egípcia. Isto causou fúria em Roma, alimentando com raiva às tropas lideradas por Otaviano que estava preparando um confronto final contra Marco Antonio. Nesta batalha, Otaviano sagrou-se vitorioso. Cleópatra chegou a acompanhar de perto o confronto, mas quando percebeu a eminente derrota de Marco Antonio, fugiu em sua nau capitânia. A rainha seguiu para Alexandria. Marco Antonio não conseguiu acompanha-la e perdeu-se no caminho, caindo em desespero. Cleópatra planejou uma viajem até a Índia, onde fundaria um novo império com sua riqueza. Era sua última chance.

Em Petra, Cleópatra foi surpreendida e suas embarcações (carregadas e prontas para ganhar o mar) foram incendiadas. Marco Antônio, preservando o estilo romano, entregou-se a espada e fora morrer aos braços de sua amada. Já havia uma tumba preparada para Cleópatra. Porém, sua morte faz parte de uma discussão interminável.


A morte de Cleópatra

Muitos textos antigos afirmam que ela tenha sido morta por meio de uma picada de cobra. (resta saber se por uma NAJA, ou uma VÍBORA). A Naja possui um veneno mais letal e sua picada é de difícil identificação. Já a Víbora provoca um inchaço grotesco, e, por esta razão, a morte por meio de uma víbora é descartada por estudiosos.
A morte por meio da picada da naja evitaria a exposição de Cleópatra num triunfo romano, conforme desejo de Otaviano. Cleópatra estava confinada num dos quartos do palácio e, tudo que era levado até ela era inspecionado para evitar seu suicídio. Mas de alguma forma, ela conseguira se matar conduzindo uma de suas mãos a uma “compota” onde uma naja estaria entre os frutos. Quando os soldados romanos de Otaviano entraram no quarto da rainha, ela já jazia morta e vestida com trajes reais. Otaviano nada pode fazer a não ser expor para seu poderio militar um retrato da rainha Cleópatra.

Os dois filhos gêmeos de Cleópatra perderam-se na história. Otaviano matou Cesário, impedindo definitivamente qualquer chance de prosperidade política para o filho da rainha. Alexandria deixou de ser um lugar dedicado ao saber, passando a ser uma mera província romana no Egito. Mas Cleópatra nunca fora esquecida. Ela era a rainha do antigo Egito.

Fonte: www.historianet.com.br

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